Porque em seis dias fez o SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou; portanto abençoou o SENHOR o dia do sábado, e o santificou.

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Dossiê Egito: O Berço dos Faraós

Precedida por uma dinastia que os arqueólogos convencionaram denominar "Zero", a história do Egito faraônico começa por volta de 3150 a.C. com o rei Menés.

Período tinita (cerca de 3150 a.C. a 2700 a.C.) - I e II dinastias
A história do Egito faraônico começa com o rei Menés, responsável pela unificação entre o Alto e o Baixo Egito e pela fundação de Mênfis, a capital do Império. Interlocutor dos homens com os deuses, Menés ostenta a coroa branca do Alto Egito (hedjet) e a coroa vermelha do Baixo Egito (deshret).

Antigo Império (por volta de 2700 a.C. a 2140 a.C. ) - III e IV dinastias
Nesta época, o Estado egípcio se desenvolve consideravelmente e a sua administração centraliza-se na figura do faraó, que passa a ser venerado como verdadeiro deus. Djoser inaugura a III dinastia (cerca de 2700 a.C.). Seu conselheiro, o arquiteto Imotep, constrói a pirâmide em degraus de Saqqara, a primeira tumba real com essa forma arquitetônica.

A IV dinastia é marcada por reinados nos quais foram construídas as três grandes pirâmides de Gizé - Queóps, Quéfren e Miquerinos. Esses complexos funerários são o símbolo de um Estado forte e de uma civilização avançada.

É na V dinastia (aproximadamente 2480 a.C. a 2330 a.C.), originária de Heliópolis, que se verifica o culto ao Sol, o que não significa a rejeição aos outros deuses. O faraó é agora o "filho de Rá", o deus-sol.

Pepi I, representante da VI dinastia, reina por mais de 50 anos. Ele é também um grande construtor de pirâmides (Bubastis, Abydos, Dendérah). Pepi II sobe ao trono aos seis anos de idade e nele permanece por 94 anos.

Primeiro período intermediário (por volta de 2140 a.C. a 2040 a.C) - VII-X dinastias
Uma revolução, seguida pela invasão de povos asiáticos, põe fim à VI dinastia. Porém, nenhum nome dos reis da VII dinastia é conhecido. A VIII dinastia, a menfita, cuja capital era Mênfis, demonstra os sinais da decadência política do Egito. O país é dividido em três: o Delta, o Egito Médio - cujo centro político era Heracléopolis - e o Alto Egito, agrupado em Tebas. Inicia-se um período de anarquia e de recessão econômica (escassez de alimentos, desordem civil e violência). Uma série de conflitos ininterruptos entre as facções do sul (de Tebas) e do norte (Heracléopolis) ocorrem e cessam apenas na XI dinastia.
A grande pirâmide de Gizeh com a Esfinge
Médio Império (por volta de 2040 a.C. a 1750 a.C.) - XI e XII dinastias
Mentuotep II, rei de Tebas, reunifica o Egito (aproximadamente em 2020 a.C.). Mas são os soberanos Amenemés e Sésostris (XII dinastia, por volta de 1900 a.C. a 1790 a.C.) que conduzem o Império ao seu apogeu. A expansão comercial abre-se para o mar Vermelho, mar Egeu, Fenícia, Núbia e Delta, e o país conhece a prosperidade econômica. Dessa época, há vários manuscritos literários, textos de instruções, profecias e contos.

Segundo período intermediário (1750 a.C. a 1560 a . C. ) - XIII-XVII dinastias
Nas XIII e XIV dinastias, o Império passa por um processo de declínio. Vulnerável e enfraquecido, sucumbe à tomada do poder por invasores estrangeiros. As XV e XVI dinastias são marcadas pelo domínio dos hicsos, chamados de reis pastores ou príncipes do deserto. O domínio estrangeiro trouxe muitas inovações técnicas para o Egito. Os hicsos introduzem a utilização do bronze, da cerâmica e dos teares, diferentes instrumentos de guerra, que incorporam o uso do cavalo e das carruagens, e estilos musicais, assim como novas raças de animais e técnicas de colheita. De certa forma, os hicsos modernizaram o Egito. Na XVII dinastia, a partir de Tebas (sul do Egito), os monarcas empreendem a reconquista do país, definitivamente concluída por Ahmose, que inaugura o Novo Império.

Novo Império (por volta de 1560 a. C. a 1070 a . C ) - XVIII-XX dinastias
Predomina na XVIII dinastia a intenção de expandir o império rumo à Ásia. O faraó Ahmose (em torno de 1560 a.C. a 1526 a.C.) organiza uma administração hierarquizada, dirigida pelo vizir, segundo homem do Estado. Sob os governos de Thutmose III (cerca de 1490 a.C. a 1436 a.C.) e Hatshepsut (1490 a.C. a 1468 a.C.), o Egito se torna uma temível potência militar. O enriquecimento do país é perceptível em todas as classes da sociedade, que aprende a gostar das artes e a ostentar o luxo. Dentre as construções da época, constam os templos funerários de Deir el-Bahari, de Luxor e de Karnak e o de Amenófis III (aproximadamente 1402 a.C. a 1364 a.C.).

O faraó Amenófis IV, ou Akhenaten, (por volta de 1364 a.C. a 1347 a.C.) transfere a capital de Tebas para Amarna. Ele impõe uma nova religião, dedicada ao culto do deus único Aton. O governante que o sucede é Tutankhamon (em torno de 1347 a.C. a 1338 a.C.), que retorna a sede do governo para Tebas, onde reincorpora o culto a Amon-Rá.

A XIX dinastia é o período dos constantes conflitos entre egípcios e hititas. Ramsés II (em torno de 1290 a.C. a 1224 a.C.) trava, contra o rei hitita Mouwatalli, a célebre batalha de Kadesh. É a época das grandes construções, o hipostilo de Karnak, o templo de Abu-Simbel e o templo de Medinet Habu. Sob a XX dinastia (cerca de 1185 a.C. a 1070 a.C.), o país se fragmenta. O grande sacerdote de Amon, Herihor, assume o trono.
Terceiro período intermediário (aproximadamente de 1070 a.C. a 715 a.C.) - XXI-XXIV dinastias
Nesta época, o Egito é dividido em dinastias locais cada vez mais independentes. O único fato notável em política exterior é a conquista da Palestina por Chechanq I (945).

Período Inferior (715-332) - XXV-XXXI dinastias
A conquista do Egito, em torno de 740 a.C., por um rei núbio, cujos sucessores instauram uma dinastia "etíope", chamada de koushita (XXV dinastia, de 715 a.C. a 664 a.C.), revela a decadência do império. Após o recuo dos etíopes para o sul, a XXVI dinastia (ou período saita, de aproximadamente 664 a.C. a 525 a.C.) é marcada pelo reinado de Psammetik I (664-610). Ele expulsa os assírios e, assim, consegue estabilizar o país. Seu sucessor, Necau, exerce a mesma política.

A XXVII dinastia (cerca de 525 a.C. a 404 a.C.) marca o início da dinastia persa. Ela começa com a conquista do Egito por Cambises. Com a morte de Dario II, em 405 a.C., os egípcios reconquistam a sua independência. Amirteu, faraó da XXVIII dinastia, expulsa os persas. Mas a XXIX e a XXX dinastias são marcadas por brigas políticas por sucessão.

Nectânabe é o último rei nativo. Os persas realizam nova investida ao território egípcio. Tomam a capital Mênfis, após a batalha de Pelusa. É a queda do último faraó egípcio.

A segunda dominação persa (por volta de 343 a.C. a 332 a.C.), de Artaxerxes III até Dario III, parece ter sido um período difícil para os egípcios. Assim, Alexandre da Macedônia, ao derrotar Dario, é considerado um libertador do Egito. Alexandre, considerado filho de deus (e faraó), funda Alexandria no delta do Nilo (332 a.C.).
Dinastia ptolomaica (305 a.C. a 30 a.C.)
Após a morte de Alexandre, o Grande, seus generais dividiram entre si o Império, estabelecendo o sistema de satáprias. Ao Egito coube a influência de um dos melhores generais de Alexandre, Ptolomeu, que governa entre 305 a.C. e 282 a.C. Ele constrói o farol e a biblioteca de Alexandria. A partir de Ptolomeu IV, as intrigas familiares enfraquecem a dinastia.

Em 51 a.C., o governo egípcio passa para a filha de Ptolomeu XII, Cleópatra, que é a última rainha do Egito (de 51 a.C. a 30 a. C.) Por interesses políticos, ela se casa com o imperador romano Júlio César, que coloca o Egito sob proteção de Roma. Após o assassinato de César, a rainha se casa com o general romano Marco Antonio, um dos membros do triunvirato que sucede César no poder do Império Romano, o que desperta a ira e a inveja de outras forças de Roma. Em conseqüência, Octávio se autoproclama imperador de Roma e decide invadir o Egito.

Em 30 a.C., na batalha do Ácio, os exércitos comandados por Cleópatra e Marco Antonio são derrotados pelas forças romanas. Quando Otávio, vencedor, entra em Alexandria, Cleópatra e Antonio se suicidam. O Egito torna-se província romana.

As sete pragas do Egito

O Egito fascina. E engana. Desde a Antigüidade, especula-se sobre as origens dessa civilização. Dessa especulação nasceram sete teses equivocadas a respeito do Egito faraônico.

1 - O Egito é a mais antiga civilização conhecida.
Falso.

Esta idéia, alimentada pelos próprios sacerdotes egípcios, e transmitida aos gregos por Pitágoras e Platão, é baseada em cálculos astronômicos projetados para o passado, aos quais os sacerdotes acrescentaram relatos míticos que remetem ao fim da Era Glacial (9000 a.C.). Entretanto,
escavações revelam sítios arqueológicos no Egito menos avançados
que os de Dordogne, civilização megalítica do oeste da Europa, que
ergueu o santuário de Stonehenge e de Carnac (ambos na atual Inglaterra).
A grande pirâmide de Gizeh com a Esfinge

Sua origem se dá por volta de 4500 a.C. A civilização sumeriana, originária do sul da Itália, por sua vez, data de 3800 a.C. Ambas são anteriores à egípcia. É provável que as civilizações paleoindianas, de Harappa e Mohenjo-Daro, também sejam anteriores ao Antigo Egito. Apenas a China é mais jovem do que o Egito.

2 - Existe um "milagre egípcio", pois o caráter repentino de sua civilização só pode ser explicado pela chegada de "invasores superiores", os filhos de Hórus, sobreviventes da Atlântida.
Falso.

As descobertas da arqueologia revelam a existência da dinastia "zero", anterior à formação do Egito faraônico (cujo início se dá por volta de 3150 a.C). Nesse período, formam-se os elementos que iriam estruturar a sociedade egípcia e ocorre a sua unificação política, o que contribui para a produção de um excedente de riquezas e permite sustentar uma casta de sacerdotes, os primeiros intelectuais modernos da humanidade. Nessa época, a escrita hieroglífica se desenvolve, os esboços das comunidades rurais começam a se organizar, e são construídos os primeiros diques do Nilo.

3 - As pirâmides são um gigantesco observatório astronômico que contêm os conhecimentos antediluvianos de uma civilização superior.
Falso.

Esta teoria, de origem pitagórica, foi elaborada no século 18 pelo astrônomo inglês Piazzi Smyth. De acordo com Flinders Petrie, renomado egiptólogo escocês do início do século 20, ela não tem fundamento, pois os arquitetos das pirâmides obtinham cálculos aproximados, em razão da insuficiência de seus instrumentos de medida. Para o especialista, não há dúvida sobre a perfeição do alinhamento astronômico das pirâmides de Gizé. Mas, segundo ele, isso é o resultado de uma pesquisa arquitetural e matemática iniciada dois séculos antes, em Saqqara, com as pirâmides em degraus construídas por Imotep para o faraó Djoser. O esforço humano é uma realidade mais admirável do que o mito da prisca sapientia, a sabedoria antiga.

4 - As colheitas improdutivas, ocasionadas pelo gigantesco trabalho nas pirâmides, determinaram o fim do Antigo Império.
Falso.

Em razão da penúria dos recursos, no reinado de Miquerinos, os egípcios são obrigados a construir uma terceira pirâmide, menor. Após a construção, o Antigo Império sobrevive em meio a dificuldades por mais um século e meio. A decadência do período pode ser o resultado de um acidente climático, que teria provocado seca e miséria e influenciado a ruptura da unidade do país, a partir de então dividido entre distritos ricos e pobres.

5 - As pirâmides foram construídas num local onde a esfinge já estava havia vários milênios.
Falso.

Esta teoria, muito em voga atualmente, baseia-se na deterioração verificada na pedra da esfinge, e atribui sua presença no local desde 6000 a.C., sob a forma de megálito. Essa idéia, sustentada por um geólogo norte-americano, o professor Scheock, não leva em conta nem os efeitos climáticos nem os relatos de Heródoto. Além disso, num recente artigo na revista Nature, a egiptóloga britânica Kate Spence, da Universidade de Cambridge, demonstra o alinhamento das pirâmides em relação a duas estrelas: Kochab, na constelação da Ursa Menor, e Mizar, na Ursa Maior, presentes no céu de Gizé no fim do terceiro milênio, e que possibilitam a orientação do conjunto na ausência de instrumentos precisos. As pirâmides e a esfinge são filhos de sua época: 2200 a.C.

6 - Akhenaton instaurou o monoteísmo.
Falso.

Os sacerdotes de Thot já praticavam o culto ao disco solar Aton sete ou oito séculos antes do governo do faraó Akhenaton. Para eles, só havia um único deus do qual emana toda a Criação. A descoberta em Saqqara, por Alan Zivie, da existência de um vizir semita chamado Aper-El (em hebreu, Ovedel), que serviu ao pai de Akhenaton, Amenófis III, também colabora para derrubar a tese de que o monoteísmo fora instaurado por Akhenaton. A menção ao deus El, o Elevado, no nome do vizir, indica a existência de fervorosos religiosos monoteístas na Palestina e na Síria, contemporâneos ao faraó. Portanto, não podem ser frutos da revolução religiosa egípcia.

7 - A história de Akhenaton seria o modelo da lenda de Édipo e os gregos teriam confundido as duas Tebas (a do Egito e a da Grécia).
Falso.

Esta hipótese formulada pelo psicanalista Velikovsky não é sustentável. Ela se baseia na prática do incesto na família real egípcia e no papel da esfinge. Mas quem seria a Antígona e o que seria o castigo de Édipo? Muito mais fecunda é a pesquisa das origens orientais da cidade grega de Tebas, fundada por fenícios egipcianos que difundiram, com Cadenos, a escrita alfabética.
Estatuas de Osíris. templo de karnak Luxor, Antiga cidade de tebas

UM PEQUENO FORTE QUE NADA TEM DE EGÍPCIO



Na zona fronteiriça entre o Sinai e o delta do Nilo, encontramos vestígios de conflitos entre o Egito e seus vizinhos orientais. O sítio fortificado de Tell el-Herr mostra os indícios de uma primeira dominação persa no século 5o. a.C.
O sítio fortificado de Tell el-Herr aparece sobre uma parede do hipostilo (sala, cujo teto é sustentado por colunas) do templo de Amon, em Karnak, como uma etapa do itinerário percorrido por Seti I durante sua campanha rumo ao Oriente Próximo.

Situada no limite de uma região continental formada pela península do Sinai, na proximidade imediata de uma área do delta, Tell el-Herr tinha interesse estratégico para as épocas contemporâneas de seus principais níveis de ocupação, do fim do século 6o. a.C. até o século 6º de nossa era.

Durante o Novo Império, a região foi uma espécie de cidade mercado, expressa pelo termo egípcio ïtmt que significa "entreposto fechado, câmara forte". Mais ao longe, no lado leste, a missão da Universidade de Beershéva, liderada pelo professor Oren, descobriu alguns sítios do Novo Império, principalmente os vestígios de dois pequenos fortes, situados em Bir el-Abd e Harrouvit.
As escavações efetuadas no sítio permitiram demonstrar a mais antiga construção identificada remonta ao fim do século 6o - ou ao início do século 5o. a.C. - , ou seja, ao início da primeira dominação persa no Egito.

Sem dúvida, pouco tempo depois da batalha de Pelusa, em 525 a.C., que teve a vitória de Cambises sobre as forças egípcias e que marca o início da ocupação aquemênida no país, uma guarnição multiétnica foi construída na porta oriental dessa nova província.

Essa fortaleza, arrasada na virada do século 5o. para o século 4o. a.C, foi substituída por uma nova, mais vasta, com mais ou menos 140 metros de lado, construída sobre o mesmo local no século 4o., isto é, durante as últimas dinastias nativas que retomaram o poder no Egito de 404 a 343.
Entrada do Grande Templo de Abu Simbel

ANKHESENPEPI II, A PRIMEIRA RAINHA IMORTAL DE MÊNFIS

arqueológica francesa de Saqqara

OsTextos das Pirâmides da necrópole de Mênfis não estavam
reservados unicamente aos reis. Arqueólogos descobriram recentemente a tumba da primeira rainha que se beneficiou desse privilégio, garantia de imortalidade.

Desde 1963, sob a orientação do professor Jean Leclant, a missão arqueológica francesa de Saqqara (aldeia do Egito ao sul do Cairo, na margem oeste do Nilo), realiza pesquisas nas pirâmides sobre os textos da necrópole real de Mênfis. No fim do século passado, foram descobertos nelas, os famosos Textos das Pirâmides (Gaston Maspero), destinados a assegurar a imortalidade do rei.

Durante mais de 20 anos, de 1966 a 1988, no sul de Saqqara, a pirâmide e o templo funerário do rei Pepi I, célebre soberano da VIa dinastia (por volta de 2300 a.C.), foram escavados, estudados e restaurados.
Entrada do Grande Templo de Abu Simbel;

Os trabalhos desenrolaram-se com o seu quinhão habitual de surpresas - foram descobertos os vestígios de seis pirâmides até então totalmente desconhecidas, possibilitando a ampliação dos conhecimentos sobre a família real dos soberanos da última dinastia do Antigo Império.

Ao contrário do faraó, impedido por sua natureza divina, a rainha revelava em sua tumba os laços familiares terrestres. Por ordem de importância, ela afirma em primeiro lugar seus elos de descendência ("a mãe do rei"), em seguida seu elo matrimonial ("a esposa do rei") e, por fim, afirma eventualmente sua ascendência ("a filha do rei, de seu corpo"). Esses marcadores sociais são indispensáveis para entender a continuidade monárquica. O menor fragmento de texto relativo a uma rainha é essencial para tentar discernir melhor um encadeamento histórico.

Até a descoberta de suas pirâmides, nada se sabia sobre as tumbas das esposas de Pepi I. Os únicos elementos atribuíveis a uma rainha provinham de elementos reempregados no templo funerário do rei e referiam-se à rainha Sechséchet, mãe de Teti. Em dez campanhas de escavações, quatro esposas de Pepi I foram reveladas com as pirâmides de Inenek e Noubounet e com menções à rainha Méhaa, mãe do príncipe Horneterikhet, e a uma "filha primogênita do rei". Há também as pirâmides de duas outras rainhas de gerações posteriores, Ankhesenpepi III, uma esposa de Pepi II, e Meretités II, esposa de um rei Néferkarê. Por fim, há a menção a uma rainha Nedjefet em blocos esparsos. Resta ainda descobrir seis tumbas de rainhas.

A última campanha de escavações da missão francesa, realizada no início do ano 2000, coroou de maneira extraordinária os resultados já obtidos, com a descoberta crucial de Textos das Pirâmides na tumba da rainha-mãe Ankhesenpepi II. Esse privilégio de imortalidade, aparentemente reservado até aqui ao rei, surge pela primeira vez vinculado a uma esposa real. A personalidade da rainha Ankhesenpepi II, esposa de dois reis, mãe de um terceiro e regente do reino, uma mulher de inegável destaque nessa época, pode ter contribuído largamente para o fato.

Os Textos das Pirâmides
Descobertos em 1880 pelo egiptólogo francês Gaston Maspero, eles constituem a mais antiga compilação de preceitos religiosos da humanidade. Os textos são uma série de fórmulas mágicas destinadas a assegurar a ressurreição do soberano: o rei pode transformar-se em pássaro, estrela etc. Muitas inscrições permanecem inéditas.

Uma nova tecnologia nas escavações
A busca de um monumento mal localizado pode acarretar pesados fardos. Todo canteiro de escavações envolve consideráveis remoções de terra: na ausência de investigações prévias, muito tempo e recursos correm o risco de ser desperdiçados. Foi preciso recorrer a novos métodos geofísicos, que foram aplicados pela primeira vez na egiptologia: em 1987 a equipe do Mecenato Tecnológico de Eletricidade da França ofereceu ajuda à pesquisa, assim como o grupo da Companhia de Prospecção Geofísica Francesa. Essas equipes puderam fornecer à missão uma ajuda tecnológica a partir de importantes resultados obtidos com as várias sondagens do subsolo realizadas na época da construção de barragens. Para isso, engenheiros e arqueólogos trabalharam em conjunto, utilizando os resultados de várias tecnologias simultaneamente - eletromagnetismo, sondagens elétricas em ondas curtas, baixa freqüência e análise pelo magnetômetro de prótons das variações do campo magnético terrestre. Após uma semana de medições efetuadas no deserto, cinco locais que podiam conter estruturas de pedra, correspondendo a esquemas prováveis, foram indicados aos egiptólogos. Pouco depois, uma sondagem revelou o ângulo de uma pequena pirâmide conservada em uma altura de três andares.
Rio Nilo, Alexandria, Egito

TANIS REVELADA... GRAÇAS À TOMADA AÉREA



A colina de Tanis ergue sua enorme massa acima das terras circundantes. Poucos edifícios ainda estão de pé. Entretanto, neste imenso terreno descobre-se a cidade dos faraós que reinaram no início do primeiro milênio da nossa era
Tanis ilustra bem as grandes variações que afetaram o nordeste do delta há três milênios. As colinas de areia originais foram integradas, após as modificações do regime de afluentes do Nilo, a terrenos favoráveis ao desenvolvimento de uma grande cidade. Durante a XXI dinastia (1070 a 945 a.C.), torna-se a capital do Egito. Metrópole religiosa e funerária durante a XXII dinastia (945-712 a.C.), conserva sua inquestionável importância até o fim do período ptolomaico.

Durante o Novo Império, a região foi uma espécie de cidade mercado, expressa pelo termo egípcio ïtmt que significa "entreposto fechado, câmara forte". Mais ao longe, no lado leste, a missão da Universidade de Beershéva, liderada pelo professor Oren, descobriu alguns sítios do Novo Império, principalmente os vestígios de dois pequenos fortes, situados em Bir el-Abd e Harrouvit.
As escavações efetuadas no sítio permitiram demonstrar a mais antiga construção identificada remonta ao fim do século 6o - ou ao início do século 5o. a.C. - , ou seja, ao início da primeira dominação persa no Egito.

Sem dúvida, pouco tempo depois da batalha de Pelusa, em 525 a.C., que teve a vitória de Cambises sobre as forças egípcias e que marca o início da ocupação aquemênida no país, uma guarnição multiétnica foi construída na porta oriental dessa nova província.

Essa fortaleza, arrasada na virada do século 5o. para o século 4o. a.C, foi substituída por uma nova, mais vasta, com mais ou menos 140 metros de lado, construída sobre o mesmo local no século 4o., isto é, durante as últimas dinastias nativas que retomaram o poder no Egito de 404 a 343.

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