O Antigo Egito foi uma civilização da Antiguidade concentrada ao longo ao curso inferior do rio Nilo (Norte de África), região que hoje pertence ao país moderno do Egito. A civilização egípcia aglutinou-se em torno de 3 150 a.C. com a unificação política do Alto e Baixo Egito, sob o primeiro faraó (Narmer), e se desenvolveu ao longo dos três milênios seguintes.
Parte do sucesso do Egito deveu-se a sua capacidade de se adaptar às condições do Vale do Nilo. A inundação previsível e a irrigação controlada do vale fértil produziam colheitas com excedentes, o que alimentou o desenvolvimento social e cultural. O governo patrocinou a exploração mineral do vale e nas regiões do deserto ao redor, o desenvolvimento inicial de um sistema de escrita independente (hieróglifos), avanços na Medicina (muito ligado à questão da mumificação), o desenvolvimento das artes (pintura e esculturas nas edificações) e ciências (notavelmente da matemática e astronomia), a organização de construções coletivas (como pirâmides, templos e obeliscos), o comércio com regiões vizinhas e campanhas militares para derrotar os inimigos estrangeiros e afirmar o domínio egípcio. Motivar e organizar estas atividades foi uma tarefa burocrática dos escribas de elite, dos líderes religiosos (acreditava-se na vida após a morte), e dos administradores sob o controle de um faraó que garantiu a cooperação e a unidade do povo egípcio, no âmbito de um elaborado sistema de crenças religiosas.
O documentário a seguir apresenta mais sobre a história do Antigo Egito (o que pode ser também consultado na wikipedia):
Posteriormente, o Egito tornou-se numa província do Império Romano, sob o governo de César Augusto, em 30 a.C., até 395. Fez parte do Império Bizantino até 642 e depois foi conquistado pelos muçulmanos da dinastia dos omíadas.
Muito do legado do Egito está exposto em museus fora do país de origem. Dentre os maiores acervos, estão o Museu Britânico (Londres, Inglaterra, que contém a pedra de Roseta, fundamental para o entendimento dos hieróglifos), o Museu do Louvre (Paris, França) e o Museo Egizio (Turim, Itália), sendo que no próprio Egito há o Museu do Cairo – existe uma lista bem completa no site AntigoEgito.org. No Brasil, temos o Museu Egípcio da Ordem Rosa Cruz, que contém uma múmia de 2700 anos, o Museu Nacional (no Rio de Janeiro) e réplicas distribuídas em alguns museus.
O Museo Egizio de Turim possui cerca de 6500 obras originais em exposição e um acervo total de 30 mil peças. Inaugurado em 1824, está localizado no Palazzo dell’Accademia delle Scienze, um prédio construído em 1678 como um colégio jesuíta para crianças aristocratas e que era conhecido como Collegio dei Nobili. Passou por grande reforma em 2014-2015, sendo uma das principais aquisições o pequeno templo de Ellesija, doado à Itália pelo Egito em 1970, pelo significativo apoio científico e técnico durante a campanha para salvar os monumentos da Núbia. Veja algumas amostras desse acervo e seus significados:
Esfinge
A esfinge egípcia é uma antiga criatura mística usualmente tida como um leão estendido (animal com associações solares sacras) com uma cabeça humana, usualmente a de um faraó, utilizada para demonstração de poder. O enigma da esfinge vem da esfinge grega (o famoso “decifra-me ou devoro-te”): “Que criatura pela manhã tem quatro pés, ao meio-dia tem dois, e à tarde tem três?”. Édipo resolveu o quebra-cabeça: O homem engatinha como bebê, anda sobre dois pés na idade adulta, e usa uma bengala quando é ancião.
A maior e mais famosa é Sesheps, a esfinge de Gizé (em frente às Grandes Pirâmides no Egito). Apesar de lendas afirmarem que os soldados de Napoleão Bonaparte teriam arrancado seu nariz por balas de canhão da artilharia, desenhos feitos em 1737 já ilustravam a estátua sem o nariz, sendo mais aceita a teoria de vandalismo religioso muçulmano no século XIV.
Mumificação
Uma múmia é um cadáver, cuja pele e órgãos foram preservados acidentalmente ou intencional pela exposição a produtos químicos, frio extremo, umidade muito baixa, etc. Segundo o historiador Heródoto, veja uma das técnicas utilizadas para mumificação:
“Primeiramente, extraem o cérebro pelas narinas, parte com um ferro recurvo, parte por meio de drogas introduzidas na cabeça. Fazem, em seguida, uma incisão no flanco com pedra cortante da Etiópia e retiram, pela abertura, os intestinos, limpando-os cuidadosamente e banhando-os com vinho de palmeira e óleos aromáticos. O ventre, enchem-no com mirra pura moída, canela e essências várias, não fazendo uso, porém, do incenso. Feito isso, salgam o corpo e cobrem-no com natrão, deixando-o assim durante setenta dias. Decorridos os setenta dias, lavam-no e envolvem-no inteiramente com faixas de tela de algodão embebidas em cola. Concluído o trabalho, o corpo é entregue aos parentes, que o encerram numa urna de madeira feita sob medida, colocando-a na sala destinada a esse fim. Tal a maneira mais luxuosa de embalsamar os mortos.”
Os órgãos retirados eram guardados em vasos, conhecidos como canopos. Alguns animais também eram mumificados como forma de adoração, oferenda ou comida para a vida após a morte – até mesmo pães e outros alimentos eram mumificados com esse fim.
A descoberta por Howard Carter do túmulo totalmente intacto do faraó Tutancâmon com todo o seu tesouro. A maldição da múmia na qual a pessoa que viole a múmia de um faraó morra brevemente provavelmente surgiu associada com a descoberta da tumba do faraó Tutancâmon da XVIII Dinastia. Uma série de problemas de saúde acometeu os envolvidos na expedição, inclusive envolvendo a morte de alguns membros. Uma das explicações envolve esporos microscópicos do fungo inalados durante as escavações, já que o lugar estava fechado por milhares de anos.
Sarcófago
É uma urna funerária, geralmente de pedra ou madeira, colocada sobre o solo em algum abrigo. Acreditava-se que o morto necessitaria do seu corpo conservado para que seu ka (espírito) pudesse regressar e juntar-se a ele novamente, quando fosse retornar a vida. Acreditava-se que o morto iria precisar de seu corpo e de seus pertences no outro mundo. Por isso eram deixadas no túmulo comidas, bebidas e os órgãos do morto dentro de potes de barro contendo água do Mar Morto, saturada de sal, para que fossem preservados. Também era deixado ali a cópia do Livro dos Mortos, que ele teria de ler, segurando a cruz ansata (Ankh), que, para os egípcios, era a chave da vida.
Os sarcófagos dos faraós deviam estar abrigados em uma tumba com ligação subterrânea a uma pirâmide, que servia de ligação com o céu e a outra vida. Existiram diferentes tipos de pirâmides, inclusive modelos tortos e de degraus – o que evidencia a sua construção humana e evolução com o tempo a partir de escadas encostadas entre si para atingir o céu. Com explicação semelhante (e imitando um raio de luz saído de uma nuvem e que atinge a terra) existia o obelisco: um monumento comemorativo constituído de um pilar de pedra em forma quadrangular alongada e sutil, que se afunila ligeiramente em direção a sua parte mais alta, normalmente decorado com inscrições hieroglíficas gravadas nos quatro lados, terminado com uma ponta piramidal.
Livro dos Mortos
Coletânea de feitiços, fórmulas mágicas, orações e hinos escritos em rolos de papiro e colocados nos túmulos junto das múmias, cujo objetivo era de ajudar o morto em sua viagem para o outro mundo, afastando eventuais perigos que este poderia encontrar na viagem para o Além. Veja esse documentário sobre o que continha o livro dos mortos e suas histórias:
Papiro é, originalmente, o nome de planta a partir da qual é feito um papel muito utilizado no Antigo Egito para escrita. No museu, estão expostos papiros com o livro dos mortos para outros faraós. Outro papiro famoso exposto lá é o “Papiro Real de Turim” está datado na época de Ramsés II e menciona os nomes dos faraós que reinaram no Antigo Egito, precedidos pelos deuses que “governaram” antes da época faraônica.
Senet
Um dos mais antigos jogos de tabuleiro do mundo, Senet significa jogo da passagem, ou seja, era um passatempo mas que representavam a viagem para o Além. Veja como jogar nesse vídeo:
Nenhum comentário:
Postar um comentário